Nos últimos anos, o termo ESG ganhou destaque no mundo empresarial e financeiro, refletindo a crescente preocupação com questões ambientais, sociais e de governança. ESG é uma sigla que representa as dimensões ambiental (Environmental), social (Social) e de governança (Governance), e reflete um conjunto de critérios que as empresas devem considerar em suas práticas comerciais. A integração eficaz desses três pilares pode trazer inúmeros benefícios, incluindo maior sustentabilidade, responsabilidade social e atratividade para investidores conscientes. No entanto, a implementação bem-sucedida do ESG apresenta desafios substanciais para as empresas.
Um dos principais enfrentados ao tentar incorporar os princípios do ESG em suas operações é a complexidade e a falta de padronização no processo de reporte. Para auxiliar na resolução do problema supracitado, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tem desempenhado um papel fundamental ao promover a adoção de um padrão de reporte global, por meio de um relatório a ser preenchido, que estará disponível no início do ano de 2024 para os voluntários interessados, e passará a ser obrigatório, para empresas de capital aberto, a partir de 1º de janeiro de 2026.
Esse padrão visa estabelecer diretrizes claras para que as empresas possam relatar suas práticas ESG de forma consistente e transparente, permitindo que investidores e outras partes interessadas avaliem o desempenho das empresas em relação a esses critérios.
Implementação dos pilares ESG
Apesar dos esforços da CVM e de outras entidades reguladoras em todo o mundo, muitas empresas enfrentam dificuldades na implementação dos pilares. Outro grande desafio é a falta de dados confiáveis e consistentes. A coleta e a análise de informações relevantes sobre questões ambientais, sociais e de governança nem sempre são simples. Muitas empresas têm dificuldades em quantificar e relatar seu impacto em áreas como emissões de carbono, igualdade de gênero, diversidade no local de trabalho e práticas de governança corporativa. Isso pode dificultar a comparação entre empresas e a avaliação do desempenho ESG.
Além disso, a resistência cultural e a falta de comprometimento da alta administração pode ser obstáculos significativos na jornada de implementação da prática. Muitas empresas enfrentam dificuldades em alinhar seus valores e estratégias de negócios com os princípios ESG. Isso pode ocorrer devido à falta de conscientização sobre os benefícios ou a uma visão de curto prazo que prioriza o lucro imediato em detrimento das considerações ESG.
Custos associados à implementado ESG
Outro ponto de importante discussão é o custo associado à implementação eficaz do ESG. Muitas empresas consideram que a adoção de práticas sustentáveis e socialmente responsáveis requer investimentos substanciais em tecnologia, treinamento de funcionários e conformidade regulatória. Esses custos podem ser um impedimento significativo, especialmente para pequenas e médias empresas.
A pressão dos investidores e das partes interessadas também desempenha um papel relevante nas provocações que as empresas enfrentam na implementação do ESG. Embora a crescente demanda por investimentos sustentáveis tenha motivado muitas empresas a adotarem as práticas, também pode criar um ambiente em que as empresas se sintam forçadas a seguir o ESG apenas superficialmente, buscando a criação de uma imagem falsa de comprometimento para atrair investidores.
Em resumo, a implementação eficaz dos pilares da governança ambiental, social e corporativa representa um desafio significativo para as empresas. A complexidade do processo de reporte, a falta de dados confiáveis, a resistência cultural, o custo e a pressão dos investidores são apenas alguns dos obstáculos que as organizações enfrentam nessa jornada. A adoção de um padrão de reporte global, como o promovido pela CVM, pode ajudar a mitigar esses efeitos, estabelecendo diretrizes claras para a coleta e a divulgação de informações relacionadas ao tema. No entanto, é fundamental que as empresas também internalizem os princípios do ESG em suas culturas e estratégias de negócios para que tais práticas se tornem parte integrante de suas operações e não apenas uma resposta superficial às demandas do mercado.
*Por Heitor Fatori – Assurance and M&A